segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Querida Tia Chester*



Querida Tia Chester*

Foi uma emoção inenarrável com a sua chegada, e com a sua presença entre nós. Todos sempre ficam pululantes com a sua chegada e presença. É um alvoroço total, todos ficam se esbarrando, sem saber aonde ir e lhe encontrar. A senhora tem por habito ficar uma hora aqui e outra hora ali, em um vai e vem de locais e movimentos. E ainda se esconder nos corredores lá do fundo, e não sabemos se é o da direita ou o da esquerda, e ainda tem outro corredor lá atrás, e nesta brincadeira a metade ou uma parte se perde o caminho, entrando no corredor errado. Às vezes nem conseguem entrar no corredor. Por momentos a confusão é tanta que parecem estarem nadando contra uma corrente, talvez para exercitar. E correm exercitando seus músculos que sentem, para ver quem chega primeiro, para lhe tocar e cumprimentar. Uma disputa para ver quem chega primeiro, junto a sua presença. E a senhora sempre pronta para acolher e receber o primeiro a chegar. Depois do privilegio do primeiro, os restantes ficam tristes, já que os outros não conseguem encostar. Até que ocorra uma nova oportunidade, uma nova ocasião com a sua presença. Então o alvoroço começa novamente, todos disputando ser o primeiro. 

Da ultima vez que a senhora veio para o Natal, compramos antecipadamente o seu peru. Sabemos o quanto a senhora o aprecia, tanto no Natal como em outra data comemorável. E lógico que o seu tempero, que é um segredo, deve tornar o peru mais apetitoso, tempero que só a senhora sabe fazer. Da para perceber sua vontade de abocanhar quando vê o peru pronto. Já compramos outro peru para aguardar a sua chegada, está congelado e duro. Desta vez o peru veio com apito, mas não é para assoprar e apitar, é para avisar que o peru estará pronto, no ponto. Tecnologias da modernidade. Daí quando ele apitar é só olhar pela janelinha e vir seu jeitão corado, com a calda escorrendo, achamos que a senhora vai gostar do tamanho. 

O peru como a senhora diz, é para poucos, não é para qualquer um. E quando a tropa é grande a senhora prepara um carreteiro. Com temperos de caminhoneiros que só a senhora conhece. A galinha da senhora também não deixa a desejar. E por falar em carreteiros e caminhoneiros que lembram estradas. Sempre que passamos pelo encontro de duas avenidas, lá naquela parada, a do Lucas. Lembramos-nos da sua comemoração naquela esquina, de avenidas. Era uma época de Lua cheia com muita chuva, e havia muitos embriões.

Foi muito animada a sua ultima presença. Até os escoteiros armaram barracas na praça quando a senhora passava. Antes de a senhora chegar o circo já estava armado. Muitos escoteiros armaram a barraca, só em saber que a senhora ia chegar.

Sabemos que a senhora gosta de peru há muito tempo. Sempre lembramos uma época de quando éramos pequenos, nas festas de fim de ano. Quando a senhora escondia os perus dos vizinhos da rua. Escondia e nos fazia procurar. Quando descobríamos onde ele estava escondido, a senhora mudava o esconderijo. O esconderijo era mais fácil de achar quando às vezes a senhora esquecia e falava de boca cheia.

Tia Chester é uma pena que a senhora não tenha levado seus estudos adiante. A sua experiência adquirida na pratica, poderia desbancar o Relatório Hite e a Marta Suplicy. E adoramos a sua maneira simples de falar estes assuntos, uma maneira a bem simples com o linguajar comum da rua, um modo ate didático, bem fácil de entender.

* Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com casos ou pessoas terá sido mera coincidência
* This is a fictional story. Any resemblance to actual cases or persons is entirely coincidental
* Esta es una historia de ficción. Cualquier parecido con casos reales o personas es mera coincidencia

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